sexta-feira, 17 de maio de 2013

Mau-olhado pra lá, arruda pra cá!


Apesar de ter aplicação na medicina natural e até na preparação de bebidas, a arruda ficou famosa mesmo pelos seus poderes contra o mau olhado e outras vibrações negativas.

Não é fácil determinar quando surgiu a fama da arruda (Ruta graveolens) como erva protetora.

O que se sabe é que em culturas muito antigas, são encontradas referências sobre seus poderes contra as "más vibrações" e seu uso na magia e religião.

Na Grécia antiga, ela era usada pare tratar diversas enfermidades, mas seu ponto forte era mesmo contra as forças do mal.

As experientes mulheres romanas costumavam andar pelas ruas sempre carregando um ramo de arruda na mão, diziam que era para se defenderem contra doenças contagiosas, mas principalmente, para afastar todos os males que iam além do corpo físico e aí se incluíam as feitiçarias, mau olhado, sortilégios, etc.

Na Idade Media, época em que se acreditava que as bruxas só poderiam ser destruídas com grandes poderes como o do fogo, a arruda reafirmou sua fama, pois seus ramos eram usados como proteção contra as feiticeiras, e ainda, serviam para aspergir água benta nos fiéis em missas solenes.

O uso desta planta nas práticas mágicas do passado é impressionante.

Em todas as referências pesquisadas, há receitas que empregam a arruda como ingrediente.

William Shakespeare, na obra Hamlet, se refere a arruda como sendo "a erva sagrada dos domingos".

Dizem que ela passou a ser chamada assim, porque nos rituais de exorcismo, realizados aos domingos, costumava-se fazer um preparado a base de vinho e arruda que era ingerido pelos "possessos" antes de serem exorcizados pelos padres.

A fama atravessou séculos e fronteiras, e no tempo do Brasil Colonial a arruda já podia ser vista com freqüência repetindo a performance dos tempos antigos, só que, desta vez, associada aos rituais africanos.

Numa famosa obra intitulada “Viagem Histórica e Pitoresca ao Brasil, o artista Jean Debret retrata o comércio da arruda realizado pelas escravas africanas.

O galho de arruda era vendido como amuleto para trazer sorte e proteção.

E não eram apenas as escravas que usavam os galhinhos da planta ocultos nas pregas de seus turbantes, as mulheres brancas colocavam o galhinho estrategicamente escondido nos seios.

Outro fator teria reforçado o valor da arruda naquela época: “a infusão feita com a planta era usada como uma espécie de anticoncepcional e abortivo”.

Medicinal, com reservas

Também conhecida como arruda dos jardins, arruda fedorenta ou ruta de cheiro forte, a arruda é uma representante da família das Rutáceas.

É uma planta considerada subarbustiva ou herbácea, lenhosa, que apresenta caule ramificado, pequenas folhas verde acinzentadas e alternadas.

As flores também são pequenas e de coloração amarelo esverdeada.

Originária da Europa, mais especificamente do Mediterrâneo, a arruda se dá muito bem em solos levemente alcalinos, bem drenados e ricos em matéria orgânica.

A planta necessita de sol pleno pelo menos algumas horas por dia. Sua propagação se dá por meio de estacas ou sementes.

Trata-se de uma planta muito resistente que, se atendidas suas necessidades básicas de cultivo, dificilmente apresentará problemas.

A colheita normalmente pode ser feita cerca de quatro meses após o plantio.

Quanto às propriedades medicinais da arruda é interessante: divulga-se que a planta apresenta propriedades muito ligadas ao desejo sexual masculino e feminino, mas de formas diferentes: seria um "antiafrodisíaco" para os homens e um excitante para as mulheres.

Ainda não foi possível comprovar a veracidade dessas indicações, entretanto, nos escritos, datados de 1551, de Hieronymus Bock, considerado um dos primeiros botânicos da historia, havia a recomendação, para que monges e religiosos ingerissem arruda, misturada aos alimentos e as bebidas, para garantir a pureza e castidade.

A verdade é que esta planta era realmente muito abundante nos jardins dos mosteiros.
Uma substância chamada rutina é a responsável pelas principais propriedades da arruda.

Ela é usada para aumentar a resistência dos vasos sanguíneos, evitando rupturas, e por isso é indicada no tratamento contra varizes.

Popularmente, seu uso é indicado para restabelecer ou aumentar o fluxo menstrual e, também, para combater vermes.

Como uso tópico, o azeite de arruda, obtido com o cozimento da planta, é aplicado para aliviar dores reumáticas.

O aroma forte e característico da planta, detestado por muita gente, é considerado um ótimo repelente, por isso a arruda é colocada em portas e janelas parem espantar insetos.

Apesar das propriedades medicinais conhecidas há séculos, o uso interno desta planta é desaconselhado, pois em grandes quantidades, a arruda pode causar hiperemia dos órgãos respiratórios, vômitos, sonolências e convulsões.

O efeito considerado "anticoncepcional" na verdade é abortivo, pois provem da inibição da implantação do óvulo no útero, entretanto a ingestão da infusão preparada com a arruda para esta finalidade é muito perigosa e pode provocar fortes hemorragias.

Por incrível que pareça, a arruda também teve muita aplicação na culinária: suas sementes e folhas eram usadas pare enriquecer saladas e molhos, em virtude das boas doses de vitamina "C" contidas na planta.

Seu uso era considerado uma defesa contra o escorbuto.

Além disso, a planta também servia para aromatizar vinhos.

No sul da Europa, as raízes da arruda eram adicionadas a um tipo de bebida chamada “grappa” para funcionar como um licor digestivo”.


Fonte de pesquisa: Revista Tempo Verde

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